Botão Ação Entre Amigos

domingo, 10 de novembro de 2013


O que você pensa sobre o Perdão?



 Texto de: José Argemiro da Silveira
de Ribeirão Preto, SP

"Se perdoardes aos homens as ofensas que vos fazem, também vosso Pai celestial vos perdoará os vossos pecados. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará os vossos pecados". (Mateus, VI: 14-15)

De 14 a 16 de janeiro/2000 foi realizado, em São Paulo, um seminário com Divaldo Pereira Franco, sobre o perdão. Registramos aqui algumas das reflexões sobre o importante tema, como foram colocadas no aludido evento:
O perdão na visão da Psicologia profunda é dar o direito de cada um ser como é. E também a nós o direito de sermos como somos. Se o próximo é assim, não nos cabe modificá-lo, mas se estou assim, tenho dever de modificar-me para melhor. Não posso impor-me ao outro, porque minhas palavras serão apenas propostas. Eu que estou desejando ser feliz tenho a psicologia da minha autotransformação. E nunca devolverei mal por mal; procurarei sempre retribuir o mal com o bem. Se o outro é um caluniador, não posso me permitir ser igual a ele. Toda vez que fico com raiva a pessoa está me manipulando, e eu não deixo ninguém me manipular. Não posso permitir que um desequilibrado me oriente. Sou eu a pessoa saudável; não devo dar a ele a importância que se atribui. Devo olhá-lo como um terapeuta olha um doente. Se tenho uma visão diferente da vida, e se desejo transmitir esta visão, é nobre; mas não posso esperar que o outro a acate, porque ele está em outro nível de evolução. Devo dar o direito ao outro de ser inferior, se isto lhe agrade. Se achamos que ele nos ofendeu, a nossa é uma situação simpática. Se ele nos caluniou, tanto eu como ele sabemos que é mentira dele. Se nos traiu, somos a vítima e ele sabe que é nosso algoz. Então o problema é da consciência dele. Não devemos cultivar animosidade, e sim perdoar. Não ficarmos manipulados, dominados pelo ódio, odiando também.
Esquecer é outra coisa. Na luz da Psicologia profunda o perdão não tem nada a ver com o esquecimento. Na visão espiritualista o perdão é o total esquecimento. São dois pontos diferentes. Não devolver o mal depende de mim; esquecer depende da minha memória. Muita coisa eu queria esquecer e simplesmente não esqueço. Se dou um golpe num móvel e causou uma lesão nos tecidos da mão, essa lesão só vai desaparecer com o tempo, quando o organismo se recompor. Eu posso reconhecer que não devia ter feito, mas esse reconhecimento não tira o dano que causei. À luz da Psicologia profunda, o perdão é exatamente não devolver o mal. Tenha a raiva, mas não a conserve que faz muito mal. Á predominância da natureza animal, sobre a espiritual, questão 742 do Livro dos Espíritos. Sentimos o impacto e não temos como evitar a raiva, é fisiológico, reagimos no momento. Mas conservar a mágoa é da minha vontade. Se eu conservar a mágoa tenho um transtorno psicológico, sou masoquista, gosto de sofrer. É tão maravilhoso quando a gente ouve: Coitado! E aí fica pior. O outro vai embora e a gente fica aquele depósito de lixo, intoxicando-se. O racional é nos libertarmos de tudo que nos perturba. Somos seres inteligentes e possuímos os mecanismos de libertação.
Geralmente dizemos: Mas ele não devia ter feito isto comigo. Mas fez, o problema é dele. Quem rouba, quem furta é que é o ladrão. Já está encarcerado na consciência culpada. A visão psicológica do perdão é diferente da visão espiritualista do perdão. Como seres emocionais sentimos o impacto da agressão, mas não devemos nos revoltarmos, e trabalhemos para esquecer.
A medida que formos trabalhando, a mágoa, a ofensa, vai perdendo o significado. A medida que vamos descobrindo nossos valores, ela vai desaparecendo. Quando estamos de bom humor, ouvimos até desaforo e dizemos: "Sabe que você tem razão?" Quando levantamos de mau humor, só de a pessoa nos olhar, perguntamos: "Qual é o caso?" Não é o ato em si; é conforme nós recebemos o ato." Divaldo conta o caso de alguém que, na festa de aniversário, recebeu de uma pessoa que não gostava dela, como presente, um vaso de porcelana, com um bilhete: "Recebe o meu presente, e dentro dele o que você merece". Dentro dele havia dejetos humanos. No aniversário da pessoa que havia enviado tal "presente", o nosso personagem lhe enviou o mesmo vaso, com os dizeres: "Estou devolvendo o vasilhame. O seu conteúdo coloquei num pé de roseira, e estou lhe enviando as rosas que saíram dali". É um ato de perdão, devolver em luz o que se recebe em trevas.
O esquecimento somente vem quando a memória se encarrega de diluir a impressão negativa, o que demanda tempo, reflexão e auto-superação.
Perdão não é conivência com a coisa errada. Quando uma pessoa me agride, eu não estou de acordo com ele; simplesmente não estou contra ele. Se meu filho age erradamente, está aturdido emocionalmente, é ingrato, faz tudo quando me desagrada como se fosse de propósito, eu não estou de acordo, é lógico. Mas eu não posso ficar contra ele. Porque mais do que nunca ele precisa de mim; ele está doente. Não é normal, isto é, não é saudável uma atitude assim. Mas então eu tenho o direito de me sacrificar? Sim, se aceitou a maternidade, a paternidade, não há condição difícil. Ser co-criador é ser co-participador. Será que Deus nos abandona toda vez que somos ingratos para com ele? que blasfemamos, que fazemos tudo quanto não devemos? Então o perdão não é conivência com a coisa errada. Não é uma atitude para fingir que tudo está bem. Alguém nos prejudica e nos pede desculpa. Respondemos: "Ok! mas ele me paga". É melhor enfrentar a realidade. Quando alguém nos disser "me desculpe", responderemos "Não posso. Hoje, eu não posso. Estou muito magoado". A gente diz: "eu te perdôo!" e no outro dia amanhece com dor de cabeça, porque não digeriu. O que devemos é não devolver o mal que nos foi feito. A pessoa nos diz uma palavra grave, e nós conseguimos segurar. Aí ela diz "você me desculpe, eu não tive a intenção... Você vai perdoar?" — Estou pensando. — Mas então não perdoa? você não é espírita? sou espírita, mas, agora, não tenho condição de perdoar, agora me dê licença... Geralmente, dizemos: "Perdôo de todo o meu coração"; perdoa, mas com ele nunca mais. E ainda pensamos: "Quem me fizer, faça bem feito, porque não vai ter outra oportunidade". Entretanto, o meu problema não é com ele, é comigo. Seja gentil com você. Se eu me permito viver magoado, ressentido, sofrendo, como vou amar o outro? Eu mereço ter uma vida melhor. Ao chegar ao escritório: "Bom dia!", o outro responde: "não vejo porque seja tão bom assim". Não nos ofendermos com isso; se ele está de mau humor é problema dele, A doença do mau humor requer tratamento psiquiátrico.
Seja gentil com você. Ame-se. Não permita que ninguém torne sua vida insuportável, nem para você, nem para os outros.
Divaldo conta o caso da pessoa que foi visitar um hospital de doentes mentais e lhe chamou a atenção, o psiquiatra. Noventa por cento dos agitados passavam perto do psiquiatra, uns diziam: Dr. já estou curado; ele respondia: Ok!; outros falavam absurdos, e ele ouvia, silenciava, ou concordava, e continuava a caminhada. No final, o visitante perguntou o por que da atitude dele, ao que respondeu: Eu sou saudável, não posso me atingir com o que dizem ou fazem, pois são doentes... E aí podemos perguntar: Será que a Terra não é um grande hospital?...
A pessoa saudável não faz o mal conscientemente a ninguém. Mas quando está de mal consigo, agride o outro. Então seja gentil com você; seja honesto; está com raiva, admita. Estou magoado, etc. Reprimir esses ressentimentos vai ficar lhe prejudicando. Digira sua raiva; digira o ressentimento. Não os mantenha. Necessário deixar cicatrizar; às vezes fica uma cicatriz e é necessário uma cirurgia.
Devemos nos empenhar em descobrir os nossos pontos vulneráveis. E Divaldo narra uma experiência pessoal. "Depois de anos de auto-análise, descobriu alguns pontos vulneráveis e começou a trabalhar esses pontos. Notou que atendendo o público, às vezes ficava irritado. E descobriu que o ponto vulnerável era o cansaço. Quando ia ficando cansado perdia um pouco a lucidez. O autógrafo é a oportunidade de ter um contacto com as pessoas. Alguns são tímidos, não chegam para conversar, pensam que vai incomodar. Mas o atendimento às vezes é prolongado. Começa 18h30 e vai até 1h30, 2h da manhã ainda está em pé. Quando a fila estava grande, ficava ansioso. Fez sua autoterapia: Está ali porque quer; faz porque gosta. Certo dia, uma senhora, o anjo bom, lhe disse: "Pelo menos me olhe". O sangue subiu, voltou. — Muito obrigado, porque a senhora acaba de me ajudar. "Como me fez bem. Descobri o ponto vulnerável".
Devemos dar o direito de a pessoa ser agressiva, mas não nos dar o direito de revidar a agressão. A raiva é semelhante a uma labareda, ou um raio. Pode provocar danos incalculáveis. É inesperada. O rancor é calculado. É necessário que aprendamos a colocar um para-raio e evitemos os tóxicos do rancor. Porque esse rancor nos dá prazer. Observamos mesmo entre os companheiros espíritas. Quando alguém que não lhe é simpático sofre algum dano, algum sofrimento, a pessoa diz: "Ah! já esperava. Quando não faço, Deus faz por mim". Deus é pai dele; do outro só é padrasto.
Não tenha prazer na infelicidade de alguém. Se devemos ter compaixão de quem sofre, devemos sentir prazer com a felicidade dos outros. Por seu intermédio, Bezerra de Menezes fez uma prece em que pede em favor dos que fazem os outros sofrerem. Geralmente pedimos pelos que sofrem, mas os que fazem sofrer estão em situação pior. Geralmente, quando alguém progride nós temos inveja. Deus sabe como ele conseguiu tal coisa. Devemos alegrar-nos com o triunfo dos outros. É uma forma de perdoar a vida, por não nos haver dado aquilo que outro recebeu. Saúde, sucesso financeiro, são responsabilidades, provações.

(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000).






Caros amigos,

em função de força maior o evento "Ação Entre Amigos" NÃO ocorrerá conforme informado no Blog. Informamos que as rifas que foram vendidas serão ressarcidas aos respectivos compradores, e assim que o evento for redefinido faremos novas postagens aqui.

O prêmio a ser sorteado era um veículo usado, no estado em que se encontra, marca Chevrolet, Modelo 5B69W7 - Vectra Sedan Elegance, com fabricação em 2006, modelo 2007, motor 2.0, cor preta, câmbio automático/manual, bancos de couro, ar condicionado, vidros e retrovisores elétricos, porta-malas elétrico, Airbag duplo, sistema de som AM/FM stereo  CD Player, MP3; IPVA, Seguro DPVAT e licenciamento 2013 pagos; de um (1) único proprietário, com a apresentação da nota fiscal de aquisição na concessionária e respectivos manuais, Quilometragem entre 70.000 Km e 75.000 Km.

Os bilhetes foram cancelados e não possuem mais valor para o sorteio.





domingo, 21 de julho de 2013

DEPRESSÃO: O mal do século




Depressão nos dias atuais


Depressão. Quem já não ouviu falar nela nesses tempos modernos? Segundo dados estatísticos da OMS, cerca de 10% da população mundial padece desse mal. No nosso país isso contabiliza, aproximadamente, 18 milhões de brasileiros. 

A depressão é considerada pelo CID-10 (código internacional de doenças – 10ª edição) e pelos manuais de psiquiatria como uma doença no sentido estrito do termo, mais especificamente, classificada como um transtorno afetivo (ou do humor). Pode-se definir depressão como um quadro caracterizado por alterações orgânicas e psíquicas globais, gerando alterações no afeto (significado emocional que atribuímos às nossas vivências) do indivíduo, mudando sua forma de valorizar a vida e de encarar a realidade.

Um estado crônico de depressão gera um sentimento de tristeza profunda, mal estar físico geral, sensação de vazio, perda da capacidade de sentir prazer e, principalmente, falta total de energia. Bem sabemos se tratar de uma doença grave, pois pode levar ao suicídio ou então transformar os dias daquele que sofre desse mal em um verdadeiro inferno em vida.

A depressão é uma condição psicopatológica séria e limitante que carece de diagnóstico e tratamento especializados.

O rótulo “depressão” tem sido freqüentemente atribuído a muita gente. Inclusive por profissionais de saúde. Porém é preciso cautela para não confundir um quadro depressivo propriamente dito, com as tristezas e frustrações naturais da vida. Quem já não teve decepções na vida? Quem não se aborrece com freqüência? Quem não tem o sentimento de impotência diante dos problemas que brotam aos montes? Aborrecimentos diários, angústia e sentimento de tristeza são frutos de certas contingências da vida, não é mesmo?



Como diria Carlos Drummond de Andrade: estar triste é normal; viver triste, não.

É preciso saber diferenciar “estado depressivo” de um “quadro depressivo” (paptologia). Então, quais seriam os principais sintomas de uma depressão, propriamente dita?



A presença de alguns sintomas abaixo pode apontar para a existência de um quadro depressivo:

*Baixa na auto-estima

*Falta de motivação

*Pessimismo

*Desespero

*Humor depressivo

*Tristeza profunda

*Vontade de morrer

*Ideação suicida (pensamentos constantes em se matar)

*Pensamento lento e redução do pragmatismo, ou seja, grande dificuldade em realizar as tarefas diárias, por mais simples que pareçam

*Perda de memória e dificuldade de concentração

*Mudança no padrão alimentar (comer demais ou comer pouco) e conseqüente alteração do peso corporal

*Mudança no padrão de sono

*Intensa diminuição da energia vital

*Cansaço extremo

*Mal estar físico

*Perda ou diminuição drástica da libido (interesse sexual)

*Irritabilidade

*Crises de choro

*Isolamento social

Em casos graves, quadro psicótico com presença de alucinações e delírios

E principalmente, perda da capacidade de sentir prazer (edonia) e do interesse pela vida em geral

Andrew Solomon, em seu livro “Demônio do meio dia”, onde relata sua vivência com a depressão, chega à conclusão de que “o oposto de depressão não é felicidade, é vitalidade”.


Quais seriam as prováveis causas da depressão?


Uma pergunta bastante freqüente quando se fala em depressão é se existe um fator hereditário na gênese de um quadro depressivo. Hoje já se comprova a relevância do fator genético como causa e agravante de tais transtornos. Estatisticamente, pessoas que têm um histórico familiar de depressão, estariam mais suscetíveis a desenvolver um quadro semelhante.

Porém você poderia contra argumentar: tal indivíduo desenvolveu a depressão por ter herdado geneticamente essa característica dos seus pais ou por ter sofrido as conseqüências da convivência íntima de alguém com um quadro depressivo?

As duas coisas, obviamente! O fator hereditário e a interação com o meio externo.

Atualmente, fatores genéticos são mais precisamente interpretados como uma “tendência” e não como uma “sentença de morte” imutável.

Hoje já se comprova a relevância dos fatores ambientais e comportamentais como causa e agravante de dos transtornos afetivos. Fatores como estresse, insatisfação profissional, problemas financeiros, insegurança, violência, competitividade, relacionamentos interpessoais conturbados, crises conjugais, entre outros contingentes da vida moderna, podem levar à depressão.

Devemos também diferenciar o chamado transtorno depressivo, propriamente dito, da “depressão reativa” e da “depressão secundária”.

Depressão reativa: pode ser um quadro ocasional, desencadeado por alguma circunstância ou fato traumático ou por altos níveis de stress. Normalmente, após eliminado o fator estressor os sintomas da depressão costumam desaparecer depois de dias ou semanas. Especificamente, nos casos de stress pós-traumático, eles podem ser de tratamento mais difícil e perdurar por um período de tempo maior.

Depressão secundária: é quando os sintomas depressivos são efeitos associados ou “secundários” de uma doença principal como uma esquizofrenia, o mal de Parkinson, derrames, distúrbios hormonais (ex: tireóide), abuso de álcool e outras drogas, uso prolongado e/ou indevido de certos medicamentos, pós parto, etc. Nestes casos, a depressão é considerada uma “co-morbidade”.

Enfim, o que devemos fazer diante de um quadro depressivo?

Sabemos que para as frustrações naturais da vida não há remédio! A não ser enfrentá-las e aprender com tais experiências. Negá-las seria deixar passar uma ótima oportunidade para amadurecer crescer.

Nesses casos, a medicação pode até mesmo atrapalhar. Pois junto com o estado depressivo (diferentemente do quadro depressivo, conforme salientamos acima) costuma vir, também, um estado reflexivo, gerador de transformações e mudanças.

E para a depressão existe remédio, ou seja, há “cura” para a depressão?

Embora o quadro depressivo seja bastante complexo, há possibilidade de remissão ou controle da maioria dos sintomas em grande parte dos casos.

Principais tratamentos utilizados na atualidade:

Medicação

“Eletroconvulsoterapia”

“Estimulação Cerebral Profunda”

Psicoterapia

Mudança Comportamental

Outro fator importantíssimo é que as técnicas e ferramentas utilizadas pelos diversos profissionais (medicamentos, psicoterapia, acupuntura, atividade física) devem ser adequadas à realidade individual de cada um, especificamente.

Também não podemos deixar de ressaltar a importância para o bem estar mental que tem a interação social e emocional com as pessoas mais próximas a você. Principalmente seu cônjuge, familiares, amigos e líderes espirituais. Fale mais sobre suas emoções... reprimir sentimentos gera doenças!

Porém, não deixe de procurar ajuda médica e psicológica se for preciso. E rápido... Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico!

Não tenha medo de ser feliz, muito menos perca a esperança.Caso seja necessário, procure o aconselhamento de profissionais de sua confiança.



Augusto Goldoni – psicanalista, psicoterapeuta, consultor e escritor.




Nostalgia e depressão


Nostalgia e Depressão

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão. 
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre. 
Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a 
liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia. 
A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual. 
Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional. 
A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico. 
Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos. 
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional. 
Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo 
utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve. 
Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica. 
No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido 
existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida. 
À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. 
Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo. 
Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos. 
A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente. 
O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de 
exteriorização. 
Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora. 
Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão. 
É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo 
superando o estado depressivo. 
Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros. 
Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo. 
Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm. 
Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos... 
Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio. 
Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou 
rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido. 
Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição. 
Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos. 
O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu 
processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, 
facultando campo para a renovação mental e a ação construtora. 
Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força. 
Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, commo também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis. 
A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais 
complexidades e dificuldades de recuperação. 
Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional. 
O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais. 



Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Os Versos de Ouro de Pitágoras



-> Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.
-> A seguir, reverencia o juramento que fizeste.
-> Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.
-> Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.
-> Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua  família.
-> Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.
-> Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.
-> Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro.
-> Porque o poder é limitado pela necessidade.
-> Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões.
-> Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.
-> Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.
-> E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
-> Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.
-> E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
-> Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos.
-> E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
-> Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for.
-> Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.
-> Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
-> E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.
-> O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.
-> Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.
-> Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.
-> Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora.
-> Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,
-> Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.
-> Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas.
-> Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.
-> Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.
-> Não faze nada que sejas incapaz de entender.
-> Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.
-> Não esquece de modo algum a saúde do corpo.
-> Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.
-> O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
-> Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.
-> Evita todas as coisas que causarão inveja.
-> E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.
-> Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.
-> Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.
-> Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,
-> Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.
-> Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"
-> Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.
-> Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração.
-> São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina.
-> Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.
-> Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.
-> Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.
-> Quando fizeres de tudo isso um hábito, conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,
-> Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.
-> Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.
-> Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.
-> Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.
-> Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.
-> Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.
-> Este é o peso do destino que cega a humanidade.
->Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,
-> Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.
-> Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!
-> Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes.
-> Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.
-> Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina.
-> A natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.
-> Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.
-> E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.
-> Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.
-> Avalia bem todas as coisas,
-> Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.
-> Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter.
-> Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.




(Os Versos de Ouro de Pitágoras. Hierocles de Alexandria. Versão de 1707 por N. Rowe traduzida em português por Carlos Cardoso Avelino – revista Planeta, dezembro de 2002)


Guardemos Lealdade



"...Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel." 
Paulo (I Coríntios, 4:2)

Vivamos cada dia fazendo o melhor ao nosso alcance.
Se administras, sê justo na distribuição do trabalho.
Se legislas, sê fiel ao bem de todos.
Se espalhas, os dons da fé, não te descuides das almas que te rodeiam.
Se ensinas, sê claro na lição.
Se te devotas à arte, não corrompas a inspiração divina.
Se curas, não menosprezes o doente.
Se constróis, atende à segurança.
Se aras o solo, faze-o com alegria.
Se cooperas na limpeza pública, abraça na higiene o teu sacerdócio.
Se edificaste um lar, sublima-o para as bênçãos de amor e luz, ainda mesmo que isso te custe aflição e sacrifício.
Não te inquietes por mudanças inesperadas, nem te impressione a vitória aparente daqueles que cuidam de múltiplos interesses, com exceção dos que lhes dizem respeito.
Recorda o Olhar Vigilante da Divina Providência que nos observa todos os passos.
Lembra-te de que vives, onde te encontras, por iniciativa do Poder Maior que nos supervisiona os destinos e guardemos lealdade às obrigações que nos cercam. E, agindo incessantemente na extensão do bem, no campo de luta que a vida nos confia, esperemos por novas decisões da Lei a nosso respeito, porque a própria Lei nos elevará de plano e nos sublimará as atividades no momento oportuno.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 115

terça-feira, 2 de abril de 2013

A lealdade de nossas ações




13/03/2013

         A lealdade difere da fidelidade, pois esta é uma relação baseada na fé. Se entre duas pessoas há entendimento de fé mutua e recíproca, há fidelidade. Se, entre duas pessoas, há comunhão de objetivos e se, no enfrentamento destes com a realidade os objetivos ainda são válidos – porque derivam de um princípio superior – há lealdade.

         Não pode haver lealdade plena sem fidelidade ou fidelidade plena sem lealdade: não são a mesma coisa, mas se completam. Ou seja: de nada vale uma fé que não possa resistir às adversidades do tempo, a ponto de se tornarem princípios que guiem nossas vidas. Igualmente, de nada valem princípios adquiridos por meros hábitos se não revelarem uma fé na capacidade do homem seguir as leis divinas.

Quando digo “de nada vale”, não quero dizer que uma pessoa não consiga ou não deva viver assim. Ao contrário, parece-nos hoje que a maior parte da humanidade vive ora numa fé irrefletida ora se baseando em princípios de vida puramente materialistas. Ao dizer que viver só num ou noutro de nada vale, dizemos que não adianta, para aqueles que aqui estudam, viver sem um sentido e um objetivo de vida que nos melhorem enquanto pessoas e nos aproximem de Deus.

São Tomás de Aquino nos ensina que para uma ação ser considerada boa, ela deve ser boa em suas intenções, em sua execução e em seus resultados. É, portanto, para evitar aquele caminho pavimentado de boas intenções, que é por sinal o do Inferno, que devemos estudar, rezar e acreditar: é preciso ter fé nos irmãos e ser leal ao nosso coração; é preciso agir no mundo (com todos os seus horrores) com a certeza de que a centelha divina nos criou.

Nesta comunhão de vida prática e fé, nossa vida pode ser lida de uma nova forma, adquirindo um sentido maior, como se de relance pudéssemos passar os olhos pelos escritos da Providência.

Érick Luiz Wutke Ribeiro