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domingo, 21 de julho de 2013

DEPRESSÃO: O mal do século




Depressão nos dias atuais


Depressão. Quem já não ouviu falar nela nesses tempos modernos? Segundo dados estatísticos da OMS, cerca de 10% da população mundial padece desse mal. No nosso país isso contabiliza, aproximadamente, 18 milhões de brasileiros. 

A depressão é considerada pelo CID-10 (código internacional de doenças – 10ª edição) e pelos manuais de psiquiatria como uma doença no sentido estrito do termo, mais especificamente, classificada como um transtorno afetivo (ou do humor). Pode-se definir depressão como um quadro caracterizado por alterações orgânicas e psíquicas globais, gerando alterações no afeto (significado emocional que atribuímos às nossas vivências) do indivíduo, mudando sua forma de valorizar a vida e de encarar a realidade.

Um estado crônico de depressão gera um sentimento de tristeza profunda, mal estar físico geral, sensação de vazio, perda da capacidade de sentir prazer e, principalmente, falta total de energia. Bem sabemos se tratar de uma doença grave, pois pode levar ao suicídio ou então transformar os dias daquele que sofre desse mal em um verdadeiro inferno em vida.

A depressão é uma condição psicopatológica séria e limitante que carece de diagnóstico e tratamento especializados.

O rótulo “depressão” tem sido freqüentemente atribuído a muita gente. Inclusive por profissionais de saúde. Porém é preciso cautela para não confundir um quadro depressivo propriamente dito, com as tristezas e frustrações naturais da vida. Quem já não teve decepções na vida? Quem não se aborrece com freqüência? Quem não tem o sentimento de impotência diante dos problemas que brotam aos montes? Aborrecimentos diários, angústia e sentimento de tristeza são frutos de certas contingências da vida, não é mesmo?



Como diria Carlos Drummond de Andrade: estar triste é normal; viver triste, não.

É preciso saber diferenciar “estado depressivo” de um “quadro depressivo” (paptologia). Então, quais seriam os principais sintomas de uma depressão, propriamente dita?



A presença de alguns sintomas abaixo pode apontar para a existência de um quadro depressivo:

*Baixa na auto-estima

*Falta de motivação

*Pessimismo

*Desespero

*Humor depressivo

*Tristeza profunda

*Vontade de morrer

*Ideação suicida (pensamentos constantes em se matar)

*Pensamento lento e redução do pragmatismo, ou seja, grande dificuldade em realizar as tarefas diárias, por mais simples que pareçam

*Perda de memória e dificuldade de concentração

*Mudança no padrão alimentar (comer demais ou comer pouco) e conseqüente alteração do peso corporal

*Mudança no padrão de sono

*Intensa diminuição da energia vital

*Cansaço extremo

*Mal estar físico

*Perda ou diminuição drástica da libido (interesse sexual)

*Irritabilidade

*Crises de choro

*Isolamento social

Em casos graves, quadro psicótico com presença de alucinações e delírios

E principalmente, perda da capacidade de sentir prazer (edonia) e do interesse pela vida em geral

Andrew Solomon, em seu livro “Demônio do meio dia”, onde relata sua vivência com a depressão, chega à conclusão de que “o oposto de depressão não é felicidade, é vitalidade”.


Quais seriam as prováveis causas da depressão?


Uma pergunta bastante freqüente quando se fala em depressão é se existe um fator hereditário na gênese de um quadro depressivo. Hoje já se comprova a relevância do fator genético como causa e agravante de tais transtornos. Estatisticamente, pessoas que têm um histórico familiar de depressão, estariam mais suscetíveis a desenvolver um quadro semelhante.

Porém você poderia contra argumentar: tal indivíduo desenvolveu a depressão por ter herdado geneticamente essa característica dos seus pais ou por ter sofrido as conseqüências da convivência íntima de alguém com um quadro depressivo?

As duas coisas, obviamente! O fator hereditário e a interação com o meio externo.

Atualmente, fatores genéticos são mais precisamente interpretados como uma “tendência” e não como uma “sentença de morte” imutável.

Hoje já se comprova a relevância dos fatores ambientais e comportamentais como causa e agravante de dos transtornos afetivos. Fatores como estresse, insatisfação profissional, problemas financeiros, insegurança, violência, competitividade, relacionamentos interpessoais conturbados, crises conjugais, entre outros contingentes da vida moderna, podem levar à depressão.

Devemos também diferenciar o chamado transtorno depressivo, propriamente dito, da “depressão reativa” e da “depressão secundária”.

Depressão reativa: pode ser um quadro ocasional, desencadeado por alguma circunstância ou fato traumático ou por altos níveis de stress. Normalmente, após eliminado o fator estressor os sintomas da depressão costumam desaparecer depois de dias ou semanas. Especificamente, nos casos de stress pós-traumático, eles podem ser de tratamento mais difícil e perdurar por um período de tempo maior.

Depressão secundária: é quando os sintomas depressivos são efeitos associados ou “secundários” de uma doença principal como uma esquizofrenia, o mal de Parkinson, derrames, distúrbios hormonais (ex: tireóide), abuso de álcool e outras drogas, uso prolongado e/ou indevido de certos medicamentos, pós parto, etc. Nestes casos, a depressão é considerada uma “co-morbidade”.

Enfim, o que devemos fazer diante de um quadro depressivo?

Sabemos que para as frustrações naturais da vida não há remédio! A não ser enfrentá-las e aprender com tais experiências. Negá-las seria deixar passar uma ótima oportunidade para amadurecer crescer.

Nesses casos, a medicação pode até mesmo atrapalhar. Pois junto com o estado depressivo (diferentemente do quadro depressivo, conforme salientamos acima) costuma vir, também, um estado reflexivo, gerador de transformações e mudanças.

E para a depressão existe remédio, ou seja, há “cura” para a depressão?

Embora o quadro depressivo seja bastante complexo, há possibilidade de remissão ou controle da maioria dos sintomas em grande parte dos casos.

Principais tratamentos utilizados na atualidade:

Medicação

“Eletroconvulsoterapia”

“Estimulação Cerebral Profunda”

Psicoterapia

Mudança Comportamental

Outro fator importantíssimo é que as técnicas e ferramentas utilizadas pelos diversos profissionais (medicamentos, psicoterapia, acupuntura, atividade física) devem ser adequadas à realidade individual de cada um, especificamente.

Também não podemos deixar de ressaltar a importância para o bem estar mental que tem a interação social e emocional com as pessoas mais próximas a você. Principalmente seu cônjuge, familiares, amigos e líderes espirituais. Fale mais sobre suas emoções... reprimir sentimentos gera doenças!

Porém, não deixe de procurar ajuda médica e psicológica se for preciso. E rápido... Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico!

Não tenha medo de ser feliz, muito menos perca a esperança.Caso seja necessário, procure o aconselhamento de profissionais de sua confiança.



Augusto Goldoni – psicanalista, psicoterapeuta, consultor e escritor.




Nostalgia e depressão


Nostalgia e Depressão

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão. 
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre. 
Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a 
liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia. 
A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual. 
Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional. 
A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico. 
Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos. 
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional. 
Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo 
utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve. 
Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica. 
No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido 
existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida. 
À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. 
Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo. 
Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos. 
A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente. 
O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de 
exteriorização. 
Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora. 
Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão. 
É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo 
superando o estado depressivo. 
Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros. 
Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo. 
Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm. 
Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos... 
Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio. 
Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou 
rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido. 
Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição. 
Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos. 
O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu 
processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, 
facultando campo para a renovação mental e a ação construtora. 
Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força. 
Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, commo também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis. 
A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais 
complexidades e dificuldades de recuperação. 
Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional. 
O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais. 



Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco